segunda-feira, 21 de abril de 2008

As atividades devem desafiar o pensamento das crianças e gerar conflitos cognitivos que os ajudem a buscar novas respostas
Smolka diz que podemos entender o processo de aquisição da escrita pelas crianças sob diferentes pontos de vista:
O ponto de vista mais comum onde a escrita é imutável e deve se seguir o modelo "correto" do adulto;
O ponto de vista do trabalho de Emília Ferreiro onde escrita é um objeto de conhecimento, levando em conta as tentativas individuais infantis;
E o ponto de vista da interação, o aspecto social da escrita, onde a alfabetização é um processo discursivo.
Cabe a nós educadores pensar nesses três pontos de vista e construir o nosso. Para a alfabetização ter sentido, ser um processo interativo, a escola tem que trabalhar com o contexto da criança (letramento), com histórias e com intervenções das próprias crianças que podem aglutinar, contrair, "engolir" palavras, desde que essas palavras ou histórias façam algum sentido para elas. Os "erros" das crianças podem ser trabalhados. Ao contrário do que a maioria das escolas pensam, esses "erros" demonstram uma construção, e com o tempo vão diminuindo, pois as crianças começam a se preocupar com outras coisas (como ortografia) que não se preocupavam antes, pois estavam apenas descobrindo a escrita. Errar faz parte do processo de construção, mas o que o professor não pode deixar acontecer é que a criança passe por ele sem repensar sua atuação, para isso ele deve fazer intervenções inteligentes que coloque seu aluno para reestruturar suas idéias.
2) Nível Silábico- pode ser dividido entre Silábico e Silábico Alfabético:
Silábico- a criança compreende que as diferenças na representação escrita está relacionada com o "som" das palavras, o que a leva a sentir a necessidade de usar uma forma de grafia para cada som. Utiliza os símbolos gráficos de forma aleatória, usando apenas consoantes, ora apenas vogais, ora letras inventadas e repetindo-as de acordo com o número de sílabas das palavras.
Silábico- Alfabético- convivem as formas de fazer corresponder os sons às formas silábica e alfabética e a criança pode escolher as letras ou de forma ortográfica ou fonética.
- Continuem com o cantinho da leitura, com os portadores de texto: parlenda, embalagens e rótulos, livros de história, listas, etc. Deixem que visualizem bastante escritas. Façam jogos e atividades onde a criança desestabilize suas hipóteses, como: escrever a palavra deixando as lacunas para preencher ora com vogais, ora com consoantes. Faça reconto, reescritas e produção de texto. Dê letras móveis, faça bastantes jogos e espere que o grupo vai crescer.
3)Nível Alfabético- a criança agora entende que:
A sílaba não pode ser considerada uma unidade e que pode ser separada em unidades menores.
A identificação do som não é garantia da identificação da letra, o que pode gerar as famosas dificuldades ortográficas.
A escrita supõe a necessidade da análise fonética das palavras.
- É com G ou com J? Sempre que surgir dúvidas esclareça-as. Use o dicionário. Leia e peça que leiam livros motivadores e interessantes. Forme o hábito de fazer reconto com a crianças. Nessa fase faça bastante produção de texto. Interprete os textos lidos ora oral, ora escrito. Desafie sempre!

Níveis estruturais da linguagem escrita.

A criança elabora hipóteses sobre a escrita Os níveis estruturais da linguagem escrita podem explicar as diferenças individuais e os diferentes ritmos dos alunos. Segundo Emilia Ferreiro são:
1) Nível Pré-Silábico- não se busca correspondência com o som; as hipóteses das crianças são estabelecidas em torno do tipo e da quantidade de grafismo. A criança tenta nesse nível:
Diferenciar entre desenho e escrita
Utilizar no mínimo duas ou três letras para poder escrever palavras
Reproduzir os traços da escrita, de acordo com seu contato com as formas gráficas (imprensa ou cursiva), escolhendo a que lhe é mais familiar para usar nas suas hipóteses de escrita
Percebe que é preciso variar os caracteres para obter palavras diferentes.
Atividades que podem ajudar a avançar dessa fase:
- Mostrar onde se lê. Como nos portadores de texto, passe a mão para fazer a leitura. Peça que eles façam a pseudoleitura. Não deixem em momento algum de fazer o trabalho de base alfabética.
- Dêem fichas do nome, bingo de nomes, de letras.
- Leve jornal, revistas para a sala, monte o cantinho da leitura.
- Sempre que possível peça para a criança escrever o que ele desenhou, escrever o nome para identificar a sua “obra”.
- Dar giz para escreverem o nome, a parlenda, o nome da brincadeira.
- Fazer muitas listas.



Neste recurso, os alunos alfabéticos fazem a reescrita da frase substituindo as gravuras pelos nomes.
Neste recurso, os alunos alfabéticos fazem a reescrita da frase substituindo as gravuras pelos nomes.