sábado, 24 de agosto de 2013

Leitor, Direitos do Leitor

Bebês em sala de aula ajudam a reduzir o bullying

Mei não sorria por nada. Não que ela fosse infeliz, o que de fato não era, mas ela simplesmente não sorria. Mei era um bebê de seis meses de idade e, por ter muito a ensinar com sua expressão sisuda, foi escolhida para participar do Roots of Empathy (ou Raízes da Empatia, em livre tradução), um programa internacional que tem conseguido diminuir as ocorrências de bullying, os níveis de agressão e tem ajudado a desenvolver inteligência emocional em crianças do ensino infantil até o nono ano. Numa sala de aula de crianças do quarto ano, Mei é apresentada a cada um dos alunos. Nascido no Canadá, o programa consiste em levar mães da comunidade e seus bebês para as salas de aula compostas por alunos com idades entre 5 e 13 anos. A intenção é que, ao interagir com crianças tão pequenas, os maiores consigam desenvolver empatia, a capacidade de entender como os outros se sentem e, assim, se tornar pessoas mais compreensivas, carinhosas e tolerantes. “O nosso objetivo é dar suporte ao desenvolvimento da empatia pelas crianças, de forma que elas consigam entender a elas mesmas e às outras e, assim, podermos construir uma sociedade que tenha mais cuidado, paz e civilidade”, afirma a educadora Mary Gordon, que lançou o Roots of Empathy em 1996.
Ao longo desses 16 anos de existência, o Raízes se espalhou pelo mundo, chegando a vários países, como EUA e Nova Zelândia, e, mais recentemente, Alemanha. Em todos esses lugares, o programa começa a atuar em uma escola depois de ser convidado. Firmada a parceria, a organização orienta o diretor a ficar atento a mulheres grávidas da comunidade – mães que já tenham um filho na escola e estejam esperando outra criança, por exemplo – para convidá-las a fazer parte do programa. O Raízes, então, as visita para avaliar como elas se relacionam com seus bebês. “As mães são sempre voluntárias, mesmo em áreas muito pobres. Elas têm muito orgulho de participar porque estamos ensinando que o amor entre uma mãe e um bebê é o melhor exemplo de empatia. E isso não tem a ver com quanta educação ou quanto dinheiro a pessoa tenha”, afirma Mary. Um instrutor capacitado pela organização lidera os encontros em sala, entre a mãe, o bebê e as crianças. O professor da turma recebe orientação, mas, no momento das atividades, ele também é espectador. O programa é estruturado em torno de nove visitas ao longo do ano, mas para cada série Mary Gordon estabeleceu um currículo diferente. No caso de Mei, as crianças precisaram respeitar o fato dela não sorrir e entender suas formas de demonstrar alegria, que não são dando risada. “Ela tem o direito de ser ela mesma”, diz Mary. Veja o vídeo abaixo com a bebê Mei, em inglês:http://porvir.org/porfazer/bebes-em-sala-de-aula-reduzem-bullying/20120807